domingo, 6 de janeiro de 2013

Time de empresários II


Volto ao tema pela temporada de contratações. Jogadores são "leiloados", oferecidos e retirados de clubes, conforme o interesse dos agentes credenciados na FIFA. 

Em quase todos os clubes, nacionais e estrangeiros, há um grande trânsito de empresários orbitando e participando das decisões das agremiações. No caso Brasileiro, até da Confederação e das Federações de Futebol. 

A prática de se deixar jogador em um clube vitrine para ser valorizado e depois ser repassado para outro está cada vez mais frequente e poucos são os torcedores jovens que ainda acreditam nos jogadores que dizem sair de um clube para jogar em outro por "amor à camisa". A máxima valia no futebol romântico, até a década de 1980. 

A garotada de hoje joga com maior movimentação, maior vontade de aparecer em torneios de empresários, como a Copa São Paulo de Futebol Junior. As agremiações se sujeitam à lei do mercado para manter o balanço financeiro e vender jogadores. Pouco importa às condições de jogo, se o gramado é, na verdade, um "pasto" ou um campo de futebol, se os cronistas esportivos mantêm vínculos profissionais com grupos (pool) empresariais que representam jogadores e, por isso, tendem a enaltecê-los em detrimento de outros. 

O futebol acompanha a lógica do mercado. Para quem deseja aprender hipocrisia, o melhor caminho é assistir debates esportivos. Quem ambiciona entender a dinâmica dos fundos de investimentos, é acompanhar as transmissões esportivas - através dos grandes veículos, claro! - que são os "tangedores da manada", os que conduzem a massa enquanto esta se entorpece entre uma cerveja e outra.

Nada resta do romantismo do esporte bretão do toque de bola, do jogo vertical, do drible objetivo, não do malabarismo estéril com o objetivo de fazer gracinha e virar vinheta de TV. O pragmatismo de vencer, mesmo que pelo placar mínimo, com jogadores medíocres, sem qualidade técnica, mas com muito vigor físico, é o que conta para quem investe e quer ter retorno sobre o capital imobilizado. 

Ao que se chamava de futebol, corresponde na atualidade a um pool de agências de publicidade, cervejarias, bancos, concessionárias de serviços públicos, sem pátria, sem escrúpulos e sem torcida.