Volto ao tema pela temporada de contratações.
Jogadores são "leiloados", oferecidos e retirados de clubes, conforme
o interesse dos agentes credenciados na FIFA.
Em quase todos os clubes, nacionais e
estrangeiros, há um grande trânsito de empresários orbitando e participando das
decisões das agremiações. No caso Brasileiro, até da Confederação e das
Federações de Futebol.
A prática de se deixar jogador em um clube
vitrine para ser valorizado e depois ser repassado para outro está cada vez
mais frequente e poucos são os torcedores jovens que ainda acreditam nos
jogadores que dizem sair de um clube para jogar em outro por "amor à
camisa". A máxima valia no futebol romântico, até a década de 1980.
A garotada de hoje joga com maior movimentação,
maior vontade de aparecer em torneios de empresários, como a Copa São Paulo de
Futebol Junior. As agremiações se sujeitam à lei do mercado para manter o
balanço financeiro e vender jogadores. Pouco importa às condições de jogo, se o
gramado é, na verdade, um "pasto" ou um campo de futebol, se os
cronistas esportivos mantêm vínculos profissionais com grupos (pool)
empresariais que representam jogadores e, por isso, tendem a enaltecê-los em
detrimento de outros.
O futebol acompanha a lógica do mercado. Para
quem deseja aprender hipocrisia, o melhor caminho é assistir debates
esportivos. Quem ambiciona entender a dinâmica dos fundos de investimentos, é
acompanhar as transmissões esportivas - através dos grandes veículos, claro! -
que são os "tangedores da manada", os que conduzem a massa enquanto
esta se entorpece entre uma cerveja e outra.
Nada resta do romantismo do esporte bretão do
toque de bola, do jogo vertical, do drible objetivo, não do malabarismo estéril com o objetivo de fazer gracinha e virar vinheta de TV. O pragmatismo de vencer, mesmo que
pelo placar mínimo, com jogadores medíocres, sem qualidade técnica, mas com muito
vigor físico, é o que conta para quem investe e quer ter retorno sobre o
capital imobilizado.
Ao que se chamava de futebol, corresponde na
atualidade a um pool de agências de publicidade, cervejarias, bancos,
concessionárias de serviços públicos, sem pátria, sem escrúpulos e sem torcida.