domingo, 1 de novembro de 2015

Flamengo e Santos: visões distintas na (amadora) gestão profissional de times de futebol

No início do ano, o Santos F.C. estava em evidência por descontrole nas finanças. As notícias eram motivo de chacota por parte dos adversários que acreditavam que o Clube seria candidato certo ao rebaixamento no Brasileirão. 

A diretoria do Clube, apesar das dificuldades, manteve o craque Lucas Lima e trouxe outros jogadores, alguns considerados "acabados para o futebol". No campeonato de SP, o centroavante do time, Ricardo Oliveira, foi o artilheiro da competição. No Brasileirão, repetiu a dose, sob a regência de um treinador que não é bem visto por alguns cronistas, nem por torcedores. Pois bem. 

O Santos deixou de ser piada para os críticos. Pode até não ser campeão da Copa do Brasil, apesar de ser favorito agora, mas vem mostrando os caminhos, dentro de campo, para se preservar um mínimo do que um dia já foi chamado de "futebol-arte". Ao contrário da máxima "defender sempre", é prazeroso ver o Santos jogar. Transições rápidas, jogo ofensivo, sem toques laterais... um padrão que agrada aos torcedores e aos apreciadores do "futebol do passado". 

Friso que o atual time está muito longe de ser considerado uma amostra da prática esportiva imortalizada pela geração gloriosa do rei do futebol. No entanto, dada a mediocridade que se tem no "moderno futebol" (de velhacos, diga-se de passagem), parabenizo aos gestores do Santos pelo respeito ao melhor do que um dia o futebol já teve. 

Na contramão, está o Flamengo. No início do ano, muitos - incluindo-me nesta relação - acreditavam em glórias maiores para o rubro-negro neste ano. A falta de visão da diretoria do time da Gávea frustou a todos pelas prioridades estabelecidas, contrastando, obviamente, com a do Santos.

Como já mencionado em outras postagem, reconhece-se o mérito da diretoria do Mais Querido do Brasil, em sanar as dívidas contraídas em mandatos anteriores. Contudo, profissionais de gestão sabem que esta é apenas uma das medidas para o equilíbrio financeiro. Novas receitas precisam ser geradas, inovando na área de operações - o esporte -, mantendo bons "parceiros" (sócios-torcedores, empresários, patrocinadores, ...) e, principalmente, direcionando esforços para fortelecer os serviços e produtos com maior apelo comercial, no caso do Flamengo, o futebol.

O melhor jogador Brasileiro (e talvez, o único de talento) na atualidade saiu das categorias de base do Santos. Veio a suceder uma geração também de bons jogadores revelados há pouco mais de dez anos pelo alvinegro. Por outro lado, no Ninho do Urubu, o lema "craque, o Flamengo faz em casa" parece cada vez mais peça de museu...

Seria audacioso e, no mínimo, respeitoso assumir que o objetivo do Flamengo não é "vencer, vencer, vencer", mas "pagar, pagar, pagar dívidas" ... Dito de outra maneira, não seria o caso do Flamengo ficar sem dinheiro para honrar os compromissos, mas montar um time mesclando bons jogadores em fim de carreira com jovens oriundos da base com possibilidades de outras conquistas. Somente pagar dívidas, sem visão mais ampla, pode gerar outro tipo de agenda: "pagar mico"!

Na Gávea, a média de treinadores é de um a cada três meses. Todo semestre uma "barca" de jogadores medianos baratos, contratados como grandes negócios, "zarpa" sem deixar saudades na torcida. Numa dessas foi um jogador de defesa, que hoje é responsável pela maior quantidade de camisas vendidas no Santos!!! Vejam: no Santos, não é o artilheiro, nem os craques do presente e do passado que mais geram receita por camisa vendida! No Flamengo, é o exatemente contrário: o jogador mais caro do time, em péssima fase, é o maior indutor de vendas do manto rubro-negro...

No primeiro semestre, Santos e Flamengo empataram em jogo pelo campeonato Brasileiro. Dia 18 deste mês, entrarão novamente em campo. Para felicidade da Nação Rubro-Negra, espera-se que o Alvinegro Praiano esteja em dia de pouca inspiração, diferentemente do que a sua diretoria vem fazendo fora de campo.