Em respeito ao saudoso Carlinhos, trouxe o papel do técnico de futebol para a discussão.
A questão é ampla e controversa. As funções dependem do profissional, do clube, do país... Podem ser de cunho técnico - voltado ao desenvolvimento de habilidades dos atletas e das equipes -, ou gerencial - envolvendo as finanças da agremiação, a contratação de profissionais, dentre outras.
Há treinadores que têm formação em educação física e possuem o conhecimento teórico associado ao aplicado. Existem outros, ex-atletas, que obtiveram o conhecimento através da prática, sendo "estudiosos" de táticas e de dados pertinentes ao desempenho das equipes.
Poderia se acreditar que o melhor dos perfis é o do ex-jogador portador de diploma de graduação e/ou formação especializada, porém, como em outras áreas do saber, nem sempre é um indicativo de bom profissional.
Neste ponto, uma reflexão do que significa "bom técnico de futebol".
No Brasil, a resposta é simples: ganhar os jogos, conquistar títulos. Fim de papo!
Uma dúvida para os que defendem a lógica do "vencer a qualquer custo": técnico de futebol ganha jogo? O treinador, técnico ou "professor" (!) tem maior importância na derrota ou na vitória? Em outras palavras, "treinador faz o time perder quando monta o time errado ou faz substituição desastrosa...". E no longo prazo, quais os prejuízos e os benefícios que um treinador proporciona a um clube? Somente o que se vê em campo?
Fora das "quatro linhas", falam-se, por exemplo, de problemas na interação com atletas ("saber como vive, pensa e fala o boleiro"), dirigentes, patrocinadores, empresários, imprensa, associados, políticos, representantes de atletas... Investimentos acertados ou errados em atletas... a vinculação da imagem do clube a práticas esportivas (não só o estilo de jogo, mas a forma de se encarar as vitórias e as derrotas)... a relação com práticas de comércio, bem como em campanhas de mobilização social...
Não há treinador que não seja taxado como muito sofisticado ("téorico"), disciplinador ("linha dura"), passional ("sangüíneo"), criativo ("professor pardal"), dentre muitos outros adjetivos possíveis, para a dura realidade do futebol Brasileiro... Os treinadores "da moda", os que estão em alta, gozam de prestígio relativo, passageiro. Como diria Abraham Lincoln,
Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo.
E neste jogo de aparências, o falido e decadente futebol Brasileiro mantém a maior taxa de rotatividade de treinadores, fazendo a alegria dos tolos e dos lobos.