Homenagem ao mais querido do Mundo!
Maria Helena Braun
De Letra
112 anos de paixão
Maria Helena Braun mbraun@jsports.com.br
Juro que cheguei a lamentar. Já estava vendo o fato inusitado despertar a atenção da imprensa mundial. Um grande acontecimento, a torcida do Flamengo lotando o Maracanã, só que pelo anel externo, isto é, fora do estádio. Já pensou oitenta e tantas mil pessoas gritando , cantando, empurrando time, que estaria dentro de um Maracanã vazio, enfrentando o Atlético Paranaense?
Lá dentro os jogadores escutariam os ecos da torcida, que acompanharia tudo por um telão. Seria um desses acontecimentos que entram para a história do futebol. Quando li nos jornais que o clube conseguiu um efeito suspensivo e que poderia jogar com portões abertos cheguei mesmo a me frustrar. Se tem coisas que só acontecem ao Botafogo, tem outras tantas que só acontecem com a torcida do Flamengo. Que me desculpem os fiéis Corinthianos, a onda gremista, a euforia dos mineiros atleticanos ou o fanatismo dos vascaínos, mas a torcida do Flamengo tem um algo a mais sim. E tem sido não o décimo segundo jogador, mas um jogador que entra em campo, que atua os 90 minutos e emociona.
Ou será que alguém duvida que mexe com os brios de um atleta aquela massa gritando o seu nome, lotando um estádio, fazendo uma festa incomparável? A responsabilidade aumenta. O jogador faz uma espécie de juramento íntimo de que vai retribuir o carinho da torcida de qualquer maneira. E assim tem sido.
Chega a emocionar o mais cético dos rivais. É um reconhecimento unânime entre jogadores, técnicos, imprensa. E já que a porteira está aberta, por conta de uma decisão da justiça, a massa rubro-negra vai dar mais um espetáculo no dia 25, um show anunciado, mais um recorde de público. E seria um show se fosse com portões fechados também. Hoje o Flamengo faz 112 anos. Mais de um século em que a torcida só faz crescer. Aos sons dos pistons da Charanga se juntaram os cantos do Tema da Vitória, as coreografias de braços, que inundam as arquibancadas. E apesar dos tempos de magras vitórias e ameaças de rebaixamento, a gente se pergunta: quando é que a torcida do Flamengo vai parar de crescer? A julgar pela herança de DNA, a resposta é nunca. Passa de pai pra filho, de filho pra neto, de neto pra bisneto e é um desses amores eternos que se tem na vida.